Durante o projeto realizado na região do Fundão do Jardim Ângela, identificou-se que, apesar do baixo número de equipamentos culturais, existe um movimento cultural importante no território. São coletivos, organizações e pessoas que promovem ações culturais, eventos e projetos que contribuem para a valorização da cultura local e ampliação do diálogo na região.
A aproximação entre educação e cultura pode fortalecer ainda mais essa conexão entre as pessoas e seu território. Aproximar educação e cultura significa criar uma aliança em que a escola e os equipamentos, grupos e projetos culturais estejam articulados e realizando ações que tragam um impacto positivo na aprendizagem das crianças e adolescentes. Fica mais fácil aprender quando as aulas e os conteúdos têm relação com a realidade e experiência cultural dos alunos, o ensino e aprendizagem tornam-se mais ricos e interessantes.
Essa aproximação entre cultura e educação deve ser uma via de mão dupla em que a escola possa se abrir à cultura de seu território, ao mesmo tempo em que os produtores de cultura também possam propor ações de intervenção cultural no espaço escolar. No Fundão do Ângela, por exemplo, ocorreu uma parceria entre a EMEI Chácara Sonho Azul e o coletivo de cultura SPClan. Juntos eles organizaram o evento Revitavila – Cor na Quebrada que reuniu alunos, pais e moradores do bairro para requalificar espaços da escola e realizar atividades culturais. Durante o evento, o muro da escola foi revitalizado e ganhou desenhos dos próprios alunos que foram reproduzidos por meio do grafite. Além disso, entre outras atividades, aconteceu um sarau de poesia, o plantio de mudas e apresentações de hip hop.
Todos os territórios, assim como o Jardim Ângela, possuem suas próprias especificidades, necessidades, problemas e forças. No Fundão do Jardim Ângela, em que muitas vezes os direitos das crianças e adolescentes não são garantidos, entende-se que a conexão entre cultura e educação pode ser uma importante ferramenta para a mudança desta realidade, aproximando pessoas, ampliando trocas e fortalecendo o sentimento de pertencimento e cuidado dos moradores em relação a seus bairros e suas crianças.
O envolvimento de coletivos, pessoas e organizações traz uma importante contribuição para transformações dos espaços, situações e também das pessoas. Quanto mais envolvida estiver a comunidade com a proposta de intervenção no seu território, mais significativa será esta transformação.
Destacamos alguns coletivos e projetos que conectam cultura e educação no Fundão do Jardim Ângela:
Coletivo SPClan:
Fundado em abril de 2014, o coletivo surgiu a partir da identificação de uma “carência sociocultural na quebrada”. O coletivo é formado por jovens entre 17 e 27 anos, moradores do Fundão do Ângela, que são adeptos da cultura hip hop, do grafite, do rap. O coletivo propõe atividades culturais voltadas para a juventude local, ações de revitalização de espaços do bairro, além de valorizar a cultura e os talentos da periferia.
Para mais informações acesse a página do coletivo no Facebook.
EMEI Chácara Sonho Azul
A Escola Municipal de Educação Infantil Chácara Sonho Azul está localizada no Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, e atende cerca de 280 crianças da região. Desde 2007 a escola vem desenvolvendo atividades e projetos que buscam relacionar os conteúdos e a realidade dos alunos. Foi realizado um movimento de aproximação com pais e moradores da comunidade para envolvê-los no processo de aprendizagem das crianças. Desde então, já foram realizadas ações de plantio de sementes, visita a hortas e feiras locais com os alunos, e atividades culturais com a comunidade. Além disso, duas vezes por ano, os professores saem pelas ruas do entorno da escola para conhecer melhor as condições de vida naquela região e também para identificar possíveis espaços educativos que podem contribuir no aprendizado das crianças.
Para mais informações acesse o site da EMEI Chácara Sonho Azul e a página da escola no Facebook.
Projeto Teatral, coordenado por Roberto Otaviano
O projeto teatral (In)desejados é uma ação que busca levar para o público jovem a discussão da gravidez na adolescência. A proposta é que a reflexão seja feita de maneira lúdica utilizando o teatro como ferramenta de conscientização e transformação social. O projeto é uma parceria das Secretarias de Saúde, Educação. A peça teatral é produzida em conjunto com os estudantes de algumas escolas públicas que poderão relatar situações e histórias de experiências pessoais sobre o tema. A primeira edição do projeto acontece na região do Jardim Ângela, em parceria com a Escola Estadual Amélia Kerr Nogueira.