Para além de qualquer referência teórica a respeito dos princípios e metodologias que melhor informam processos investigativos da realidade social, a construção do Diagnóstico do Bairro-escola partiu da experiência da Associação Cidade Escola Aprendiz e foi desenhada em sintonia com o desenho conceitual da estratégia do Bairro-escola. A prática da investigação permeia todo o processo do Bairro-escola e configura-se como eixo central do trabalho desenvolvido pelo Aprendiz. Esse método, chamado de pesquisa-ação comunitária, tem como objetivo envolver os sujeitos e objetos do conhecimento na construção coletiva de um projeto comum (Singer, 2011: 21).
Com base nessa premissa, o ponto de partida para a construção do Diagnóstico do Bairro-escola foram algumas necessidades decorrentes do desenvolvimento do trabalho do Aprendiz organizado em territórios. Em primeiro lugar, havia necessidade de produzir conhecimento sobre os territórios em que a Associação desenvolve e desenvolveu atividades ao longo dos anos com o objetivo de desenvolver intervenções mais qualificadas nos mesmos. As ações nos territórios têm como objetivo o fomento de territórios educativos por meio das seguintes estratégias: a constituição de um fórum democrático desenvolvendo PEL (Plano Educativo Local), uma rede local intersetorial ancorada pelo desenvolvimento integral, a integração dos potenciais educativos locais à rede de desenvolvimento integral e a democratização das escolas.
De acordo com esses objetivos, era preciso organizar e sistematizar as informações produzidas sobre os territórios de atuação, ou seja, em alguma medida significava realizar a síntese de um processo de pesquisa sobre as relações sociais do território e unificar os tipos de informações sobre cada um.
Em segundo lugar, era essencial estruturar uma forma de olhar o território de acordo com os objetivos da estratégia do Bairro-escola, ou seja: consolidar uma metodologia própria, uma estrutura básica para o desenvolvimento de diagnósticos nos territórios de atuação, atividade que vinha sendo realizada pela equipe do Aprendiz de forma não estruturada. Esse talvez fosse o principal desafio: como olhar para “pedaços” da cidade sob a perspectiva do Bairro-escola? O que significa olhar para esses lugares nesta perspectiva? Como estruturar essa visão em uma metodologia de pesquisa que possa ser apropriada por pessoas que desejem constituir territórios educativos? [5].
Nesse sentido, o Diagnóstico está voltado para subsidiar as comunidades servindo como um instrumento de informação, compartilhamento e fundamentação para as redes articuladas do Bairro-escola, contribuindo para a formulação de um Projeto Educativo Local (PEL) entre as escolas e o território. Para o Aprendiz, o PEL estrutura a agenda local integrando as dinâmicas sociais, culturais e políticas geradas no território na perspectiva da educação integral, a partir dos processos de diagnóstico participativo e planos de ação da rede. Em síntese, visa integrar iniciativas educativas e cidadãs, de forma que a rede intersetorial da educação integral possa se aliar ao processo de desenvolvimento da cidade (Associação Cidade Escola Aprendiz, 2012).
Essa problemática também está em sintonia com o entendimento da estratégia do Bairro-escola como política pública. Nesse sentido, como objetivos mais amplos, o Diagnóstico do Bairro-escola procura interferir em quatro esferas principais: (i) reforçar a importância da construção de processos de trabalho sustentáveis que promovam a inovação e mudança nos territórios; (ii) orientar ações efetivas neste campo; (iii) mediar a construção de direitos e (iv) influenciar as ações do Estado.
O processo de construção deste diagnóstico, assim, extrapolou a estruturação e realização de uma pesquisa tendo sido também importante para o desenvolvimento institucional do Aprendiz. Foi necessário que a própria instituição, à luz da necessidade de compreender seus territórios de atuação, reorganizasse a da metodologia do Bairro-escola de modo a facilitar a coleta das informações e garantir a participação dos agentes no processo.
Uma peculiaridade importante do Diagnóstico do Bairro-escola que teve rebatimentos na metodologia desenvolvida é que ele foi desencadeado depois que processos de atuação e ou intervenção já estavam em execução nos territórios. Assim, esse processo também teve como objetivo organizar de modo sistemático as informações acessíveis ou que já foram acessadas nas intervenções que ocorrem ou que já ocorreram. Em intenso processo de intervenção nas regiões do Centro, Vila Madalena e Fundão do Jardim Ângela, a organização ainda sentia necessidade de estimular que as redes locais mobilizadas pudessem acessar dados sobre seus territórios de atuação. Sem dúvida, esta proposta também se tornou um desafio para as equipes envolvidas neste trabalho, à medida que implicava validação de conceitos, métodos e técnicas necessárias para o alcance dos objetivos propostos.
Portanto, ao mesmo tempo em que revisita e repensa os conceitos trabalhados e difundidos pelo Aprendiz em torno da estratégia do Bairro-escola, a metodologia aqui estruturada perpassa também as atividades já desenvolvidas nos diversos projetos e reinventa uma forma de olhar para essa atuação do passado e também do futuro. Dessa forma, como uma primeira tentativa de estruturar todas essas experiências, a metodologia e sua concretização na pesquisa e seus resultados (expostos nesse relatório) podem ser vistos como um piloto a ser aprimorado a cada aplicação e revisitação.
Para enfrentar esse desafio – múltiplo desde o princípio – uma primeira consultoria foi realizada entre os meses de junho e julho de 2012 [6]. Nessa primeira etapa do trabalho foram estruturadas oficinas de trabalho conjunto entre consultoria contratada e equipe técnica do Aprendiz durante quatro dias. As oficinas tiveram os seguintes objetivos:
1. Realizar um “diagnóstico do diagnóstico”
Ao longo dos seus anos de atuação, a equipe do Aprendiz acumulou amplo conhecimento sobre os territórios em que esteve presente. Sua atuação como articulador de agentes locais no território, fortalecedor e promotor de comunidades educativas por si só fez com que o Aprendiz recolhesse e sistematizasse informações valiosas desses lugares. Ainda que esse conhecimento não tenha sido organizado de forma sistemática em pesquisas estruturadas ou em relatórios específicos, esse acúmulo não poderia ser desprezado, sobretudo porque constitui por si só elemento orientador do tipo de olhar que se deseja ter sobre os territórios.
Um primeiro passo na formulação do Diagnóstico do Bairro-escola foi, portanto, o de reunir todas as atividades de pesquisa já realizadas pela equipe do Aprendiz nos diversos projetos realizados, tentando extrair delas, além de seu conteúdo, congruências e formas de olhar que contribuíssem para a formulação dessa metodologia. Da mesma forma, procurou-se identificar os objetivos e a motivação para as pesquisas já realizadas e aquelas previstas.
2. Alinhar conceitos e discutir ferramentas de pesquisa
Em seguida foi feita uma construção conjunta de alinhamento conceitual em torno da ideia de diagnóstico. Foram debatidos conceitos como território, mapeamento, participação, intersetorialidade, entre outros, incluindo uma reflexão sobre diagnóstico socioterritorial e diagnóstico participativo. Esses conceitos podem ter significados distintos a depender da visão e emprego adotados, sendo importante construir uma base comum de entendimento. Procurou-se integrar o conhecimento teórico dos conceitos com aqueles forjados na prática das atividades do Aprendiz.
Neste momento também foi feito um compartilhamento dos tipos de metodologia de pesquisa, coleta de dados e apresentação das informações existentes e já utilizados pela equipe em processos diversos e quais as suas potencialidades e fragilidades para o caso do Diagnóstico do Bairro-escola. Entende-se que essa equipe construiu uma forma específica de relação com os territórios e de captação de suas potencialidades e fragilidades – sobretudo em relação à identificação da capacidade associativa dos territórios – que deveria ser incluída na nova metodologia.
3. Estruturação e planejamento
Na última etapa das oficinas, foi feito o entendimento coletivo do objetivo do diagnóstico no processo de desenvolvimento do Bairro-escola e a construção de uma estrutura de diagnóstico (aproximação e leitura dos territórios), que pudesse ser replicada para os futuros projetos Bairro-escola dentro e fora da esfera de atuação do Aprendiz. A discussão, facilitada com a metodologia de tarjetas e moderação, procurou identificar uma estrutura básica e os elementos que o diagnóstico deveria conter.
Para isso, houve importante momento de discussão em torno da metodologia do Bairro-escola e seus elementos constituintes que resultou na delimitação dos objetivos e de quatro eixos principais de investigação nos territórios de atuação do Aprendiz.
Objetivo – finalidade: Identificar as condições para que o Bairro-escola aconteça de forma a subsidiar a tomada de decisão coletiva e pautar a sua agenda.
Objetivo – conteúdo: Conhecer as condições que possibilitam o desenvolvimento integral das crianças, adolescentes e jovens.
1. Conhecer as instâncias de participação que têm pautas relacionadas à infância, adolescência e juventude e aquelas que possuem crianças, adolescentes e jovens na sua composição.
2. Conhecer as condições das escolas para o desenvolvimento integral.
3. Conhecer as condições da rede intersetorial da educação integral.
4. Conhecer como vivem e pensam as crianças, adolescentes e jovens do território.
No decorrer do desenvolvimento da pesquisa, que será descrito a seguir, os fundamentos, conceitos, técnicas e métodos utilizados foram continuamente criados, debatidos e avaliados até resultarem na elaboração deste relatório final. Da mesma forma, esses objetivos e os eixos foram revisitados algumas vezes até chegar nesta versão final.
Após a definição dos eixos, a próxima etapa foi a constituição da metodologia de abordagem dos mesmos do ponto de vista da investigação. O caminho percorrido foi, portanto, partir do conteúdo para então desenhar o método e a forma de estruturar a pesquisa, e não o contrário. Só assim conseguiríamos desenhar uma pesquisa totalmente alinhada aos objetivos do Bairro-escola sem adotar modelos e/ou práticas de investigação que fossem alheias a essas prerrogativas. Isso porque o que importa não é a ferramenta de pesquisa em si, mas sua potencialidade como leitura crítica da realidade de acordo com os objetivos desenhados, e a metodologia deve ser avaliada pelo modo como se processa esse entendimento da realidade.
Seguindo este raciocínio, essa etapa ocorreu, portanto, tendo por base seis perguntas principais:
1. O que é preciso para entender esse eixo? Essa pergunta procurou estabelecer elementos centrais de investigação de cada um dos eixos, o que de certa forma, significou uma tradução do conteúdo a ser pesquisado em sub-eixos.
2. Como é possível detalhar e descrever esse elemento? Após uma primeira tradução, seria preciso continuar numa interpretação gradativa desses conceitos refinando até que fosse possível chegar nas formas de investigação de cada um deles. Esse novo detalhamento resultou em desdobramentos de cada um dos elementos encontrados na primeira pergunta.
3. Quais indicadores podem responder melhor à investigação de cada um desses elementos? Para responder a esta pergunta, foi feito um esforço de desenvolver indicadores que detalhassem de forma mais refinada cada um desses elementos definidos. Essa já seria uma forma de fazer uma aproximação ou a ponte entre o conteúdo a ser pesquisado com a forma de se acercar do mesmo do ponto de vista da pesquisa. Entendemos aqui como indicador uma “‘marca’ ou sinalizador, que busca expressar algum aspecto da realidade sob uma forma que possamos observá-lo ou mensurá-lo” (Valarelli, 2007), ou seja, como um instrumento de mediação, comunicação. A elaboração desses indicadores nos serviu como recurso metodológico para e operacionalizar os conceitos definidos evitando a abstração.
4. Quais são os métodos de pesquisa necessários para investigar cada um desses indicadores definidos? O próximo passo seria o de procurar quais os melhores métodos para se acercar dessas informações, ou seja, como seria possível conseguir esses dados. Muitas das informações só poderiam ser obtidas diretamente, ou seja, por meio de levantamento de dados primários (entrevistas e survey por seleção de amostra) como era o caso do perfil dos alunos das escolas incluídas no Diagnóstico. No entanto, muitas outras informações poderiam ser acessadas com base em fontes secundárias de dados (tais como o Censo demográfico e o Censo escolar) correspondentes às divisões territoriais disponíveis (no caso os setores censitários e distritos administrativos), como descrito seguir, contribuindo para a caracterização do território.
5. Quais os instrumentos de pesquisa utilizados no método de pesquisa identificado? Indicamos, em seguida, os instrumentos de pesquisa utilizados em cada método de pesquisa listado. Essa identificação nos serviu tanto para o detalhamento do método, quanto para saber quais seriam os instrumentos a serem desenvolvidos posteriormente. Em alguns casos, essa identificação ajudou também a rever o método previamente adotado. Também serviria, mais adiante, para estruturação de um guia com o passo a passo da metodologia criada, desenvolvido ao final de todo o processo. No caso do exemplo utilizado acima, do perfil dos estudantes, os instrumentos utilizados para a realização das entrevistas primárias seriam questionários (a serem aplicados para os alunos e seus pais) e roteiro de entrevistas (para as entrevistas com os diretores das escolas, por exemplo).
6. Quais são as possíveis fontes de dados a serem utilizadas? Também foram listadas as fontes de dados possíveis para a coleta de informações, principalmente no caso das pesquisas secundárias. Entre as fontes utilizadas, que serão descritas a seguir, foram principalmente utilizados o Censo Escolar (INEP), o Censo demográfico (IBGE) e dados da Fundação Seade sendo esses dois últimos particularmente utilizados na caraterização do Eixo 4 (Conhecer como vivem e pensam as crianças, adolescentes e jovens do território).
Um resumo do que foi alcançado nessa segunda etapa da oficina e que estruturou os próximos passos, encontra-se sintetizado no quadro abaixo. Como já citado, esse quadro foi continuamente revisitado, revisado e aprimorado ao longo da realização da pesquisa uma vez identificados os limites das escolhas previamente feitas em cada um dos passos percorridos.
Elemento-chave do objetivo: Conhecer as condições que possibilitam o desenvolvimento integral das crianças e adolescentes | O que eu preciso saber para entender esse elemento? | Detalhamento | Detalhamento refinado | Métodos de pesquisa | Instrumentos de pesquisa | Fontes | Etapas |
Conhecer os agentes locais do território incluídos nos processos participativos | 1.1 Identificar e qualificar as instâncias de participação voltadas a crianças e jovens | Relação (lista) de instâncias de participação no território | Tipo de instânica de participação (conselho, colegiado, fórum) | Pesquisa documental na Internet e referências bibliográficas, contato telefônico para uma primeira identificação e entrevistas para completar e confirmar as informações previamente coletadas | Lista pré concebida com os tipos de instâncias de participação que podem existir para referência | Verificar fontes | Etapa 2 e 4 |
Objeto da instância de participação (políticas de assistência social, representação estudantil, participação, etc.) | Pesquisa documental na Internet e referências bibliográficas, contato telefônico para uma primeira identificação e entrevistas para completar e confirmar as informações previamente coletadas | Lista pré concebida com os tipos de objetos de participação que podem existir para referência | Verificar fontes | Etapa 2 e 4 | |||
Tempo de existência da instância de participação | Pesquisa documental na Internet e referências bibliográficas, contato telefônico para uma primeira identificação e entrevistas para completar e confirmar as informações previamente coletadas | Não é necessário | Verificar fontes | Etapa 2 e 4 | |||
Áreas representadas na instância de participação (educação, saúde, assitência social, cultura, segurança, esporte). | Pesquisa documental na Internet e referências bibliográficas, contato telefônico para uma primeira identificação e entrevistas para completar e confirmar as informações previamente coletadas | Lista pré concebida com as áreas que possam estar representadas para referência | Verificar fontes | Etapa 2 e 4 | |||
Território de abrangência da instância (bairro, escola, nacional, etc.) | Pesquisa documental na Internet e referências bibliográficas, contato telefônico para uma primeira identificação e entrevistas para completar e confirmar as informações previamente coletadas | Não é necessário | Verificar fontes | Etapa 2 e 4 | |||
1.2 Identificar a qualidade da participação nas instâncias de participação voltadas a crianças e jovens | Qualidade e envolvimento nas instâncias de participação | Local dos encontros | Entrevistas, análise de atas, observação | Roteiro de entrevista e roteiro de observação | Representante e participantes da instância de participação | Etapa 4 | |
Frequência dos encontros | Entrevistas, análise de atas, observação | Roteiro de entrevista e roteiro de observação | Representante e participantes da instância de participação | Etapa 4 | |||
Número de participantes | Entrevistas, análise de atas, observação | Roteiro de entrevista e roteiro de observação | Representante e participantes da instância de participação | Etapa 4 | |||
Composição geracional | Entrevistas, análise de atas, observação | Roteiro de entrevista e roteiro de observação | Representante e participantes da instância de participação | Etapa 4 | |||
Distribuição das falas (se existe alguém que centraliza, quem fala mais, etc.) | Entrevistas, análise de atas, observação | Roteiro de entrevista e roteiro de observação | Representante e participantes da instância de participação | Etapa 4 | |||
1.3 Identificar a integração interdisciplinar e intersertorial das instâncias de participação voltadas a crianças e jovens | Representatividade dos distintos setores na instância de participação | Composição interdisciplinar (área) e intersetorial (1, 2 3 setor), ou seja, número de oragnizações de cada área e de cada setor participantes | Entrevistas, análise de atas, observação | Roteiro de entrevista e roteiro de observação | Representante e participantes da instância de participação | Etapa 4 | |
1.4 Identificar as estratégias de publicização de pautas e atas das instâncias de participação voltadas a crianças e jovens identificadas | Formas de comunicação da instância(impressa, virtual, rádio, TV). | Números de: produtos de comunicação realizados pela instância; reprodução destes; acessos (internet), distribuição (papel), audiência (rádio e TV). | Entrevistas, análise de atas, observação | Roteiro de entrevista e roteiro de observação | Representante e participantes da instância de participação | Etapa 4 | |
Conhecer as condições das escolas para o desenvolvimento integral | 2.1 Conhecer/realizar um perfil básico das escolas, seus estudantes e as famílias destes | Níveis de ensino da escola | Fundamental I, II, Ensino Médio (Supletivo, EJA, Técnico) | Levantamento em base de dados | Roteiro de como coletar os dados | Portal da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, Cadastro da Secretaria Estadual de São Paulo, Data Escola Brasil | Etapa 3 |
Turno escolar | Em quantos turnos funciona a escola e como (tempo integral/parcial) | Levantamento em base de dados | Roteiro de como coletar os dados | Se for municipal, Portal da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo | Etapa 3 | ||
Matrículas e distribuição de turmas/turnos | Matrículas, matrículas por série e quantidade de turmas por turno escolar | Levantamento em base de dados | Roteiro de como coletar os dados | Se for municipal, Portal da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo | Etapa 3 | ||
Condições da estrutura física da escola | Capacidade física da escola em relação ao número de alunos (superlotação/subaproveitamento) | Levantamento em base de dados | Roteiro de como coletar os dados | Verificar onde podem estar essas informações – Ver se existe essa informação na Secretaria Estadual de Educação | Etapa 3 | ||
Existência de quadras, pátios equipamentos esportivos, biblioteca, laboratórios (de ciências/de informática), cantina, refeitório e sala de professores | Levantamento em base de dados | Roteiro de como coletar os dados | Se for municipal, Portal da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo | Etapa 3 | |||
Estado de conservação da escola e iluminação (acessebilidade, iluminação) | Observação | Roteiro de Observação na escola | Observação direta | Etapa 4 | |||
Condições da estrutura humana da escola (perfil da equipe escolar) | Número de pessoas que compõem a equipe escolar: professores, funcionários, coordenadores | Entrevista com secretaria da escola | Roteiro de entrevista para secretaria da escola | Responsável por secretaria da escola / diretor | Etapa 4 | ||
Tempo de trabalho da equipe na escola | |||||||
Tipo de contratação (concursado/não-concursado) dos componentes da equipe escolar | |||||||
Qualificação da equipe escolar (escolaridade, área de formação) | |||||||
Local de moradia dos membros da equipe escolar (bairros, região da cidade) | |||||||
Número de horas dos membros da equipe dedicados à escola | |||||||
Qualidade do processo de ensino e aprendizagem | Taxas de fluxo escolar (promoção, repetência e evasão) | Dados estatísticos secundários / Entrevista com secretaria da escola (verificar) | Roteiro de entrevista para secretaria da escola (verificar) | Responsável por secretaria da escola / diretor (verificar) | Etapa 3 ou 4 | ||
Taxas de rendimento escolar (aprovação, reprovação e abandono) | Dados estatísticos secundários/ Entrevista com secretaria da escola (verificar) | Roteiro de entrevista para secretaria da escola (verificar) | Responsável por secretaria da escola / diretor (verificar) | Etapa 3 ou 4 | |||
Resultado Prova Brasil (anos disponíveis) | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | INEP | Etapa 3 ou 4 | |||
Resultado SAEB (anos disponíveis) | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | INEP | Etapa 3 | |||
Resultado SARESP (anos disponíveis) | Dados estatísticos secundários/ Entrevista com secretaria da escola (verificar) | Roteiro de entrevista para secretaria da escola (verificar) | Secretaria Estadual de Educacão de SP | Etapa 3 ou 4 | |||
Resultado das provas municipais equivalentes | Dados estatísticos secundários/ Entrevista com secretaria da escola (verificar) | Roteiro de entrevista para secretaria da escola (verificar) | Verificar | Etapa 3 ou 4 | |||
Proposta pedagógica: agrupamentos dos estudantes (Ex. séries, ciclos, projeto), tipos de avaliação, abordagem do conhecimento (disciplinar, interdisciplinar, transdisciliplinar ou transversal), pesquisas fora do espaço escolar (estudos do meio, roteiros culturais, passeios, excursões) | Entrevista com secretaria da escola | Roteiro de entrevista para secretaria da escola (verificar) | Responsável por secretaria da escola / diretor (verificar) | Etapa 4 | |||
Programas municipais, estaduais e federais dos quais a escola participa | |||||||
Perfil dos alunos da escola | Número de alunos da escola | Dados estatísticos secundários/ Entrevista com secretaria da escola (verificar) | Roteiro de entrevista para secretaria da escola (verificar) | Censo Escolar (verificar se há possibilidade) | Etapa 3 ou 4 | ||
Número de alunos da escola | |||||||
Distribuição dos alunos gênero | |||||||
Distribuição dos alunos por nacionalidade e etnia | |||||||
Local de residência dos alunos | |||||||
Perfil das famílias dos estudantes | Relação do estudante com o principal responsável pela família (pai, avó, vizinho, parente, etc.) | Entrevista secretaria da escola / Entrevistas com alunos por amostra | Questionários e roteiro de entrevistas | Responsável por secretaria da escola / diretor e alunos | Etapa 4 | ||
Composição familiar | |||||||
Nível educacional do responsável | |||||||
Ocupação do responsável | |||||||
Renda familiar | |||||||
Participação no Bolsa Familia e outros porgramas de transferência de renda | |||||||
2.2 Conhecer os mecanismos que fomentam processos democráticos na escola | Democratização dos espaços estratégicos de decisão | Como se dá a participação da comunidade escolar nas decisões da escola | Análise do Regimento Escolar / Análise de atas de reunião (reunião de professores, reunião de pais, grêmio, Conselho Escolar, APM) /Entrevistas com os diversos segmentos / Observação participante | Roteiro de entrevistas e observação | Diversos segmentos (definir) | Etapa 4 | |
Relação (lista) de instâncias que participam da construção do PPP | Quais instâncias participam dos encontros destinados à construção do projeto político pedagógico | Etapa 4 | |||||
2.3 Conhecer os fluxos de comunicação na escola | Divulgação dos encontros das instâncias de decisão (qualidade da comunicação) | Como se dá a divulgação e convocação dos encontros das instâncias de decisão na escola e quais são os meios utilizados | Entrevistas com os diversos segmentos | Roteiro para levantamento da comunicação na escola | Diversos segmentos (definir) | Etapa 4 | |
Meios comunicação existentes na escola | Quais espaços de comunicação existentes na escola, como os pais, comunidade, funcionários, alunos e professores da escola ficam sabendo do que acontece, como se comunicam entre si e com os diferentes segmentos. | Entrevistas com os diversos segmentos | Roteiro de levantamento da comunicação na escola | ||||
2.4 Conhecer como se dá a integração da escola com a rede da educação integral | História da escola | Época de construção, principais eventos e acontecimentos sobre a escola e sua relação com o território | Oficina com a comunidade escolar | Estrutura de oficina | Diversos segmentos (definir) | Etapa 4 | |
Relação da escola com 2 e 3 setores | Existência projetos em parceria com instituições da sociedade civil e empresas | Entrevista com secretaria da escola | Roteiro de entrevista com secretaria da escola | Responsável por secretaria da escola / diretor | Etapa 4 | ||
Relação da escola com a rede de proteção à criança e jovem | Como se dão os fluxos de diálogo e troca de informações entre a escola, o Conselho Tutelar, o Posto de Saúde e a Vara da Infância? | Entrevistas com direção da escola/ Rede de proteção e Observação | Roteiro de entrevista com secretaria da escola / Roteiro de entrevista com rede de proteção / roteiro para observação | Responsável por secretaria da escola / diretor / outros segmentos | Etapa 4 | ||
Abertura da escola para a comunidade e presença da comunidade na escola | Tempos e espaços da escola usados pela comunidade externa | Entrevistas com diretor/coordenador pedagógico, observação e oficinas com estudantes e equipe escolar | Roteiro de entrevista com secretaria da escola /Estrutura de oficina | Responsável por secretaria da escola / diretor /estudantes e equipe escolar | Etapa 4 | ||
Como se dá o diálogo e a troca de informações etnre a escola, as redes locais e as associações comunitárias e participação da escola nas instâncias locais de decisão. | Entrevistas com diretores da escola e membros da comunidade e observação participante | Roteiro de entrevista com secretaria da escola / Roteiro de entrevistas com membros da comunidade/ roteiro para observação | Responsável por secretaria da escola / diretor /estudantes e equipe escolar | Etapa 4 | |||
Conhecer as codições da rede intersetorial da educação integral | 3.1 Conhecer a cobertura da rede de educação integral para crianças e jovens | Relação (lista) dos equipamentos de desenvolvimento integral egral para crianças e jovens presentes no território (ex: ensino, saúde, assistência social, segurança, cultura, esporte e comunicação) | Entre os equipamentos, conhecer: os serviços oferecidos / capacidade de atendimento/ área de abrangência / público atendido | Pesquisa documental na Internet, contato telefônico para uma primeira identificação e, em um outro momento, levantamento emcampo para completar e confirmar as informações previamente coletadas | Criar lista de equipamentos para servir como referência e fazer roteiro para entrevista por telefone / ao vivo | Sites da prefeitura / Estado | Etapa 2, 3 e 4 |
1.5 Conhecer as redes interdisciplinares atuantes no território ( gênero, relações etnico-racial, drogas, cultura, direitos humanos, meio-ambiente) | Relação (lista) de organizações que tenham pautas relacionadas às crianças e jovens | Tipo de rede / objeto / tempo de existência / composição (áreas e setores) / locais dos encontros / freqüência dos encontros / área de abrangência | Entrevistas, análise de atas, observação | Roteiro de entrevista e roteiro de observação | Representante e participantes das redes | Etapa 4 | |
1.6 Conhecer a existência de lideranças comunitárias que promovem ações para o desenvolvimento integral de crianças e jovens | Relação (lista) de lideranças comunitárias que promovem ações para o desenvolvimento integral de crianças e jovens | Associações, organizações e redes das quais as lideranças participam / tipo de atuação | Entrevistas, análise de atas, observação | Roteiro de entrevista e roteiro de observação | Lideranças comunitárias | Etapa 4 | |
Conhecer como vivem e pensam as crianças, adolescentes e jovens do território | 4.1 Conhecer/ realizar perfil básico do território – DEMOGRAFIA | População total do território (verificar se é o caso de vermos crescimento populacional) | Criar explicação para indicador | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | SEADE (verificar unidade territorial) | Etapa 3 |
Distribuição da população por sexo e idade e raça, imigração (faixas etárias definidas) | Criar explicação para indicador | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | SEADE (verificar unidade territorial) Ministério da Saúde | Etapa 3 | ||
4.1 Conhecer/ realizar perfil básico do território – SAÚDE | Taxa de natalidade e mortalidade | Criar explicação para indicador | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | SEADE (verificar unidade territorial) Ministério da Saúde | Etapa 3 | |
Mortalidade infantil e esperança de vida | Criar explicação para indicador | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | SEADE (verificar unidade territorial) | Etapa 3 | ||
4.1 Conhecer/ realizar perfil básico do território – SAÚDE / HABITAÇÃO | Percentual de pessoas que vivem com densidade acima de 2 pessoas por dormitório | Criar explicação para indicador | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | IBGE (Censo demográfico), Atlas do desenvolvimento Humano (PNUD) | Etapa 3 | |
4.1 Conhecer/ realizar perfil básico do território – SAÚDE / HABITAÇÃO | Percentual de pessoas que vivem em domicílios com banheiro e água encanada | Criar explicação para indicador | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | IBGE (Censo demográfico), Atlas do desenvolvimento Humano (PNUD) | Etapa 3 | |
4.1 Conhecer/ realizar perfil básico do território – HABITAÇÃO | Deficit habitacional | Criar explicação para indicador | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | Prefeitura, SEADE | Etapa 3 | |
Domicílios em situação de domicílio precária | Criar explicação para indicador | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | Prefeitura, SEADE, IBGE | Etapa 3 | ||
4.1 Conhecer/ realizar perfil básico do território – EDUCAÇÃO | Taxa de analfabetismo (população de 15 anos ou mais) | Criar explicação para indicador | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | INEP | Etapa 3 | |
Média de anos de estudo da população (população de 15 a 64 anos) | Criar explicação para indicador | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | SEADE (verificar unidade territorial) | Etapa 3 | ||
População em idade escolar | Criar explicação para indicador | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | SEADE (verificar unidade territorial) | Etapa 3 | ||
4.1 Conhecer/ realizar perfil básico do território – ASSISTÊNCIA SOCIAL | Total de familias cadastradas do CadÚnico e Total de famílias beneficiárias do Bolsa Família | Criar explicação para indicador | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | Cadastro Único para Programas Sociais (Cad Único) | Etapa 3 | |
4.1 Conhecer/ realizar perfil básico do território – TRANSPORTE | Modalidades de transporte presentes no território | Criar explicação para indicador | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | Operadora, SEADE, PREFEITURA | Etapa 3 | |
Demanda represada dos meios de transporte | Criar explicação para indicador | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | Operadora, SEADE, PREFEITURA | Etapa 3 | ||
Setores não atendidos pela malha de transporte | Criar explicação para indicador | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | Operadora, SEADE, PREFEITURA | Etapa 3 | ||
4.1 Conhecer/ realizar perfil básico do território – SEGURANÇA PUBLICA e VIOLÊNCIA | Índice de homicídio | Criar explicação para indicador | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | Secretaria de Estado de Segurança Pública | Etapa 3 | |
4.2 Conhecer/realizar um perfil das condições do desenvolvimento integral (intelectual, motor, afetivo, político) das crianças e jovens do território | Perfil socioeconômico das crianças e dos jovens do território | Nível de escolaridade dos jovens do território (repetir média de anos de estudo da população separando a população jovem) | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | SEADE (verificar unidade territorial) | Etapa 3 | |
Demanda escolar reprimida | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | INEP | Etapa 3 | |||
Condições de moradia (repetir indicadores de habitação separando a população jovem) | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | Prefeitura, SEADE, IBGE | Etapa 3 | |||
Taxa de fecundiade específica (para verificar gravidez na adolescencia) | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | SEADE, Ministério da Saúde | Etapa 3 | |||
Violência envolvendo crianças e jovens (Incidência de homicídios, agressões, estupro por faixa etária / Incidência de jovens em conflito com a lei) | Dados estatísticos secundários | Roteiro de como coletar os dados | SEADE | Etapa 4 | |||
Uso de álcool e drogas entre os jovens | Dados de registro equipamentos | Roteiro de perguntas | Dados do Posto de Saúde e outras instituições | Etapa 4 | |||
Hábitos e cultura dos jovens no território | Origem etno-cultural das famílias / tradições / saberes compartilhados / religiosidade | Referências bibliográficas sobre a comunidade, bairro, cidade / entrevistas locais | Roteiro de entrevistas | Jovens selecionados do território | Etapa 4 | ||
Atividades realizadas por crianças e jovens fora da escola (trabalho, lazer, religião, esporte, politica, cultura) | Entrevistas locais | Roteiro de entrevistas | Jovens selecionados do território | Etapa 4 | |||
Acesso a meios de comunicação internet/TV/Rádio/Jornal/Telefonia | Acesso a internet, TV, Radio, Jornal / tempo de dispendido com cada um destes meios | Entrevistas locais | Roteiro de entrevistas | Jovens selecionados do território | Etapa 4 | ||
Circulação pela cidade | Meios de transporte utilizados / tempo gasto em deslocamentos / bairros frequentados | Entrevistas locais | Roteiro de entrevistas | Jovens selecionados do território | Etapa 4 |
O quadro serviu como um “mantra” – guia e fonte maior durante todo o desenvolvimento da pesquisa – sendo sua estruturação essencial e centro do desenho metodológico. No entanto, cabe reforçar que sua leitura deve ser feita sempre pelos eixos principais (nunca pelos itens de maneira isolada), porque só assim os dados dão o sentido almejado nesta construção. A partir do quadro foram criadas e organizadas as etapas e tempo do diagnóstico, resultando na elaboração de um plano de trabalho descrito a seguir, sempre tendo como foco a leitura dos eixos e o que se pretende analisar em cada um, e não o método de pesquisa em si.
Como o desenho da pesquisa era o objeto central da consultoria contratada, esta se encerrou uma vez desenhados os passos e etapas de desenvolvimento do Diagnóstico do Bairro-escola. Para a execução da pesquisa com base no que havia sido montado, a Associação Cidade Escola Aprendiz contou com a parceria do Instituto Via Pública ampliando a equipe de trabalho para além da equipe interna da Associação. A equipe montada para a execução da pesquisa procurou ser multidisciplinar para dar conta das diversas atividades necessárias: construção dos materiais cartográficos, coleta e estruturação de banco de dados e análises dos dados. O desenvolvimento do trabalho só foi possível, no entanto, com a intensa participação de toda a equipe do Aprendiz tanto para todas as discussões e formulações dos instrumentos de pesquisa e análises quanto para a realização do trabalho de campo (contando com os gestores e articuladores de território) e todas as coletas de dados. Tratou-se, portanto de um projeto coletivo realizado a muitas mãos com qualidade e habilidades diferentes e complementares.